Projeto de fotografia retrata velhice e contribui para melhorar autoestima

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    Projeto de fotografia retrata velhice e contribui para melhorar autoestima

    Mostra apresenta vida de idosos

    A fotografia pode mudar a vida de uma pessoa. De forma diferente e cada um a seu modo, foi isso o que aconteceu com o aposentado Marcel Tibúrcio e a publicitária Maria Portela. Os dois estiverem envolvidos na exposição Envelhecer, que aconteceu no dia 12 de julho, na sede do Senac, no Recife. Ela como fotógrafa e ele, personagem retratado. A exposição foi resultado do projeto de conclusão do curso de Fotógrafo e mostrou um pouco da rotina dos idosos do abrigo Cristo Redentor, em Jaboatão dos Guararapes, que recebeu a visita dos alunos.

    Marcel é um dos moradores do abrigo. Ex-vendedor e ex-bancário, ele reside no local há oito anos, nunca tinha participado de um projeto como este e gostou da experiência. “Foi muito bom para eu colocar o meu pé no chão”, disse, misterioso. A frase, dita de forma rápida, foi proposital. Ele queria que fosse interpretada filosoficamente, como um grande aprendizado. Depois de um tempo, completou: “Foi bom para eu ver que a barba não adianta de nada. Vi o quanto minha imagem não traduzia o que eu sou”, completou, sorrindo.

    Registro de Gisely mudou imagem de Marcel

    Na foto, feita pela estudante Gisely Burgos, Marcel aparece sentado, fazendo palavras-cruzadas e com uma barba que era cultivada há anos. Depois de ver a imagem, que foi enviada aos idosos antes de serem exibidas ao público, decidiu tirá-la. “Mudou tudo, mudou a forma de eu me ver. Eu pensava que estava arrasando”, confessou.

    Durante o trabalho de conclusão, cada aluno fez várias fotos de um morador e depois teve que selecionar uma delas para a exposição. Eles também tiveram que escolher uma frase para a imagem e a de Gisely foi “Lembrar, Recordar, Ter lembranças”. “Porque a posição dele parecia que estava tentando lembrar de algo”, disse a aluna que já trabalha como fotógrafa e fez o curso para aprender as técnicas e se aperfeiçoar. Marcel teve um AVC e perdeu um pouco da memória. Segundo ele, as palavras-cruzadas são uma forma de “manter o cérebro ativo”.

    Maria Tereza e Maria Portela: personagem e fotógrafa

    A exposição também representa uma mudança para Maria Portela. Após a maternidade, ela viu que o ritmo de trabalho na publicidade não eram mais o estilo de vida ideal. Ganhou de presente do marido o curso do Senac e, agora, pretende seguir um novo caminho. “Fiz quatro anos de faculdade para me ‘descobrir’ num curso de três meses”, falou sobre o curso de Fotógrafo.

    Com a visita ao abrigo, Maria conheceu Maria Tereza Ferreira Peixe, uma senhora de 87 anos que há dois vive no Cristo Redentor, e aprendeu uma nova lição, traduzida na frase que nomeia sua foto: “a velhice só começa quando se perde o interesse”. Segundo a fotógrafa, a frase tem tudo a ver com Maria Tereza por ela ser um exemplo de jovialidade. Vaidosa e otimista, Maria Tereza não tem timidez e afirma, ao admirar seu retrato: “estou no meu auge”. “Eu não esperava chegar a tanto”, referindo-se ao tempo de vida.

    Para Maria José Barros, funcionária do abrigo há 48 anos, levantar a autoestima foi o maior presente dos alunos aos idosos. “Ao se verem nas fotos, eles se sentiram valorizados. Trouxe alegria e aumentou a autoestima”, afirmou.

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