A memória e o paladar foram aguçados na oficina conduzida pela chef e confeiteira Juliana Santos, que apresenta diferentes usos do pseudofruto caju. O encontro de sabores e a apresentação das receitas começa com um importante resgate histórico: qual a origem do doce da mesa dos pernambucanos?
Importante e rentável zona açucareira, Pernambuco se consolidou como um expoente comercial durante o período colonial, utilizando mão de obra escravizada de povos indígenas e africanos. Muitos dos sabores que remanescem nas mesas pernambucanas têm origem desse encontro violento, que ao longo dos anos vem sendo resgatado, em busca de identificar a origem de saberes ancestrais e ressignificar a memória como um lugar de resistência.
Juliana defende que identificar de onde vêm esses sabores e perceber a influência que eles possuem na construção do paladar também é uma ferramenta para criar novos preparos, abraçando o passado com técnicas inovadoras.
Pensando em aproveitar cada parte do fruto em pratos variados, a oficina trouxe o caju na forma de geleia e crocante, acompanhando o bolo de coco, outro ingrediente de fácil acesso nas cozinhas pernambucanas. “São ideias diferentes que ajudam a conservar a memória desses ingredientes, trazendo sabores afetivos”, comenta a chef.
A oficina ainda trouxe dicas de empratamento para o prato, além de convidar o público para pensar em outros sabores regionais que poderiam ser utilizados em um preparo semelhante.
Para a estudante de Sistema de Informação, Isis Nilo, “é super interessante o uso de ingredientes regionais para criar diferentes receitas e toda essa conexão existente entre ancestralidade, memória afetiva e a infância.”
A receita foi compartilhada ao vivo com os participantes durante a execução e também por meio do QR Code https://qr.scan.page/uploads/pdf/ykwkQ1_f3f9fee2899d718e.pdf .