De acordo com o último Censo do IBGE, realizado em 2022, 8,9% da população de Pernambuco possui algum tipo de deficiência, sendo que 5,1% convivem com dificuldade permanente de visão, mesmo utilizando óculos ou lentes de contato. Diante desse cenário, iniciativas de inclusão profissional ganham ainda mais relevância. Um exemplo é o curso de Massagista que o Senac Pernambuco está oferecendo gratuitamente para afiliados da Associação Pernambucana de Cegos (Apec).
Com carga horária de 240 horas, a formação teve início em agosto e vai durar cerca de três meses. Ao todo, 16 pessoas estão sendo beneficiadas. Durante o curso, os participantes são preparados para atuarem com qualidade e segurança, aprendendo desde a organização do ambiente de massagem até a execução de procedimentos massoteratêuticos ocidentais de relaxamento e estimulação muscular. As aulas acontecem na sede da própria Apec, localizada no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife.
Também estão incluídos na formação conteúdos voltados à prevenção de lesões e à recuperação muscular no esporte, ampliando as possibilidades de atuação no mercado. Segundo Diego Helps, um dos instrutores do curso, o diferencial dessa turma é a forma como o conteúdo foi adaptado para valorizar a sensibilidade tátil dos alunos. “Isso é muito acurado em todos eles, que já têm uma noção avançada de espaço. Então o que a gente faz é adaptar o curso em uma linguagem em que as mãos sejam literalmente os olhos dos alunos”, explica.
De acordo com Diego, a própria natureza da massoterapia contribui para o sucesso do aprendizado. “Já é um contato direto das mãos com o cliente, o que facilita muito. Eles aprendem mais rápido por terem essa sensibilidade ao toque. Então, a gente espera que, ao final do curso, eles tenham plena condição de se diferenciarem no mercado de trabalho através dessa característica inerente, que é a acuidade sobre o tátil”, afirma o instrutor.
Roderick Gomes é um dos 16 associados da Apec beneficiados pela formação do Senac PE. Segundo ele, a experiência tem superado as expectativas. “Estou gostando muito, principalmente porque o curso sempre alterna a parte teórica com a prática. Além disso, os professores são muito solícitos, nos deixam à vontade e fazem esse paralelo com o mercado de trabalho”, destaca. “O nome do Senac já dá outra importância ao certificado. Agrega muito valor à formação do aluno”, completa.
Associado à Apec há quase 10 anos, Roderick conta que nunca havia tido contato com a área antes e tampouco pensava em atuar como massagista, mas a vivência das últimas semanas mudou sua percepção. “No início, pensei somente em agregar conhecimentos. Mas agora já estou com outro pensamento. Já é algo que levo em consideração (atuar profissionalmente). Quem sabe?”, diz animado.
Para Fábia Heinzel, coordenadora do Programa Senac de Gratuidade (PSG), o curso tem um impacto que vai além da capacitação profissional. “Vejo como uma oportunidade importante tanto para o Senac, que reafirma seu compromisso com uma formação cidadã e inclusiva, quanto para a Apec, que amplia o acesso de pessoas com deficiência visual ao mercado de trabalho. Essa iniciativa favorece a construção de trajetórias profissionais mais estáveis e ainda incentiva o empreendedorismo”, ressalta.